A volta do Victoria’s Secret Fashion Show consolidou um reposicionamento que combina memória afetiva, escala de entretenimento e distribuição digital. Em 15 de outubro, no Brooklyn Navy Yard, o espetáculo reuniu um elenco de alto impacto — Gigi e Bella Hadid, Adriana Lima, Alessandra Ambrosio e a estreia de Emily Ratajkowski — e headliners pop como Missy Elliott, Karol G, TWICE e Madison Beer, recolocando a marca no centro da conversa global. O evento foi transmitido ao vivo por Prime Video e Amazon Live, além de YouTube, Instagram e TikTok oficiais da grife, ampliando o alcance muito além da plateia física.  

A estratégia estética — que recupera ícones como “asas” e supermodelos históricas, sem abrir mão do tom contemporâneo — opera como um acelerador de busca, tráfego e intenção de compra, especialmente para cápsulas inspiradas no show e relançamentos de best-sellers. O retorno de Gigi e Bella em looks de forte apelo visual e o fechamento apoteótico de Missy Elliott criam picos de viralização que tradicionalmente se traduzem em cliques e wishlists nas horas subsequentes ao evento.  

A escolha por plataformas de alta audiência e social streaming reduz atrito entre awareness e conversão: o espectador assiste, compartilha e, a um toque, é direcionado ao e-commerce, num fluxo que favorece picos de receita transacional no curto prazo e crescimento de base no médio prazo. A programação incluiu “pink carpet” e bastidores — conteúdo que prolonga o tempo de tela e estimula compra por impulso e colecionabilidade.  

Antes do desfile, a Victoria’s Secret & Co. já reportava aceleração operacional: no 2º tri de 2025, a companhia registrou receita líquida de US$ 1,459 bilhão (+3% a/a), vendas comparáveis +4% e avanço internacional de dois dígitos, indicadores atribuídos a pipeline de produto e execução comercial. A direção elevou a projeção de vendas para o ano fiscal de 2025 para a faixa de ~US$ 6,33–6,41 bilhões, sustentando a tese de momentum em receita e lucratividade. Esses números oferecem lastro para estimar um “efeito desfile” incremental no 4º tri — tradicionalmente o mais forte do varejo — por meio de coleções temáticas, bundles e giftables.  

Cenários de curto prazo (Q4)

• Alta de tráfego orgânico e pago: picos de busca e redirecionamento a partir de Prime Video/Amazon Live e redes sociais, com ROAS acima da média em campanhas de retargeting de 72h. (Inferência baseada na distribuição e calendário; alinhado aos dados de audiência/streaming do evento.)  

• Ticket e mix: lançamentos “runway-to-retail” e reedições premium elevam mix e reduzem dependência de descontos na janela pós-show. (Correlação com momentum de produto indicado pela gestão.)  

• Internacional: maior alavancagem em mercados ex-Estados Unidos, onde a marca já reportou crescimento mais acelerado, potencializando colaborações locais e logística cross-border.  

Riscos e contrapesos

• Elasticidade a preço e promoções: sensibilidade do consumidor em ambiente macro desafiador; necessidade de calibrar markdowns para preservar margem. (Risco setorial; mitigado por coleções cápsula de maior valor percebido.)

• Reputação e coerência de narrativa: ganhos de imagem dependem de consistência entre casting, comunicação e produto — e não apenas do espetáculo anual. (Risco de execução; mitigado por curadoria de talentos e storytelling atualizados, como visto no line-up 2025.)  

O modelo “evento + streaming + social commerce” da VS aponta uma rota para marcas que buscam reativar desejo: criar momentos proprietários, oferecer acesso em múltiplas telas e transformar o entretenimento em jornada transacional sem fricção. Ao reconciliar herança estética com códigos contemporâneos e distribuição escalável, a Victoria’s Secret reposiciona o desfile não como fim em si, mas como motor de demanda para trimestres críticos do calendário.