Darfiny
A Missão do Artista

Van Gogh vendeu apenas uma obra durante toda a sua vida. Monet comprou uma obra do seu amigo Manet, após a morte dele, para garantir que a obra permanecesse em mãos que respeitassem sua importância artística. Mozart compôs mais de 600 obras em vida, mas apenas meia dúzia são hoje amplamente conhecidas. Por que tantos grandes artistas precisaram morrer para serem reconhecidos? Por que nem todas as obras desses grandes nomes foram consideradas obras-primas?
Para responder a essa pergunta, precisamos aprofundar a reflexão sobre a função da arte no mundo. Arte, na origem latina, significa habilidade ou, em outras palavras, talento. O talento humano é justamente o que transforma coisas em objetos com significado e profundidade: a belíssima escultura “La Pietà” seria apenas um bloco de mármore se não fosse o talento de Michelangelo. A Basílica de São Francisco de Assis só é uma igreja sublime graças aos afrescos de Giotto.
São os artistas que carregam a importante missão de transformar nossas vidas. A arte traz bem-estar, beleza, ânimo e emoção. Muitas vezes não percebemos, mas ela está presente em tudo o que consumimos diariamente. Sem ela, o mundo não teria a mesma graça. Essa graça nada mais é do que o fruto do trabalho dos artistas que, mesmo sem se apropriar disso conscientemente, estão servindo o mundo com sua criatividade.
Servir. Arte é isso: transportar o espectador para além da realidade, para depois devolvê-lo a ela, renovado e inspirado, capaz de criar uma realidade melhor. Para atingir esse objetivo, a arte precisa de um componente essencial que garante sua conexão eficaz com o ser humano: a emoção. Por isso, toda arte precisa ser sincera, genuína e, mais que isso, deve haver total entrega do artista para conseguir tocar, encantar e emocionar o espectador.
Nesse sentido, podemos concluir que o papel do artista é essencial em um mundo caótico, pois é ele quem oferece o antídoto para esse caos: a arte. Sendo assim, a missão do artista não é ser reconhecido pelo mundo, mas transformá-lo. Exercer seu talento para fazer arte é sobre servir e servir ao outro. Não é sobre si mesmo, nem sobre o quão bom você é em algo, mas sobre o quão bom você é em tocar o outro.
Não quero dizer que o reconhecimento seja ruim, mas se o artista busca nele a motivação para criar, ele não entendeu nada sobre o que é ser artista.
Será que, se todo artista fosse reconhecido e famoso, ele exerceria a arte de forma genuína? Finalizo com uma reflexão que li recentemente e que me fez pensar: Se Deus te der uma cidade, ele ganha uma cidade ou perde um homem?
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